terça-feira, 27 de novembro de 2007

Célula da Al-Qaeda na Ilha Margarita só existe na imaginação da CIA - Célula de Al-Qaeda en Isla Margarita sólo existe en la imaginación de la CIA

Depois do 11 de setembro, a CIA e o FBI utilizaram a ameaça terrorista como instrumento de descredito político em numerosas ocasiões. Na Venezuela, a popularidade do Presidente Chávez e a sua relação cada vez mais cordial com países árabes, inspirou aos serviços secretos norte-americanos e à oposição a ideia de vinculá-lo com a Al Qaeda, para minar a sua credibilidade internacional. Rapidamente surgiram rumores que apontavam a Venezuela como país que protegia terroristas islamitas. E esses rumores, cada vez mais insistentes, cevaram­‑se especialmente na comunidade árabe de Porlamar, na Ilha Margarita.

James Hill, chefe do Comando Sul norte-americano, afirmou coisas tão graves como que na Ilha Margarita existiam campos de treino da Al Qaeda; que a comunidade de comerciantes libaneses de Porlamar financiava grupos terroristas no Médio Oriente; e inclusive que Bin Laden podia encontrar­‑se escondido na Venezuela. Durante meses esta comunidade árabe sofreu o ataque mediático mais desapiedado da sua história. Diariamente a imprensa antichavista nacional, inspirada e alentada pelos meios de comunicação norte­‑americanos, dedicaram portadas e manchetes à suposta célula terrorista da Al Qaeda. No entanto não só nunca se apresentou nenhuma foto, vídeo ou prova da existência dos supostos terroristas, como a maioria daqueles rumores foram desmontados rapidamente pela actualidade internacional.

O exemplo mais gráfico destas torpes manipulações foi protagonizado por Johan Peña , que foi comissário da DISIP (serviço secreto venezuelano) e exilado, como muitos golpistas do 11 de Abril, em Miami. Peña compareceu no dia 30 de Setembro de 2005 perante as câmaras do Canal 41 América TV num dos seus principais programas, “A mano limpia”, dirigido e apresentado pelo jornalista Óscar Haza. Amparado por um suposto dossiê secreto de documentos oficiais, o ex espião venezuelano mostrou uma foto de Mustafá Setmarian, acusado pela imprensa espanhola de ser o cérebro do 11-S e o principal agente espanhol da Al Qaeda, e afirmou que vivia escondido na Venezuela, protegido pelo governo de Chávez. Peña assegurava que Setmarian tinha estado protegido pela Al Qaeda de Ilha Margarita, e que nesse momento se encontrava no estado Bolívar. Mas o embuste durou pouco ao trânsfuga da DISIP, porque somente um mês após tão espectaculares declarações, que tanto a imprensa norte-americana como os meios de comunicação venezuelanos ventilaram generosamente, a 3 de Novembro, toda a imprensa internacional se fazia eco da notícia da detenção de Mustafá Setmarian Nasar… mas no Paquistão, não na Venezuela. Setmarian não tinha pisado na sua vida nem a Margarita, nem a Venezuela, nem a América Latina.

INTERROGADO INJUSTAMENTE PELO 11-S

Nós quisemos conhecer o ponto de vista das vítimas daquela campanha, e visitámos na ilha o vice­‑presidente da Comunidade Árabe de Porlamar, Mohamad Abdul Hadi, que chegou a ser fichado e interrogado relativamente ao 11-S. Nascido no Líbano, confessa-se abertamente nasserista e chavista. “Manuel”, como é conhecido pelos seus amigos, dirige um dos comércios da zona árabe de Porlamar e foi vítima da brutal campanha mediática do Comando Sul do exército norte-americano, da CIA e do FBI.

– Aji Mohamad, Qual é a história da comunidade árabe de Margarita?

- A emigração geral para a Venezuela começou no final do século XIX. Inclusive muitos libaneses chegaram com passaporte turco, porque ainda não existia a identidade libanesa. Os primeiros chegaram nos anos 70, quando decretaram a ilha como zona livre de impostos. Muitos imigrantes que estavam em Caracas, Colômbia ou Panamá vieram e começaram a trabalhar. O trabalho cá é mais fácil que em terra firme. Tens que criar uma loja mais ou menos visível, bem decorada, ir ao Panamá, a Hong Kong ou aos EUA, comprar a tua mercadoria, exibi­‑la e trabalho feito. Os árabes são por natureza comerciantes, aventureiros e aqui ou nas zonas livres do Brasil, Paraguai ou Uruguai, há muitos. Mas os EUA chamam-nos “eixo do mal”. Diz que financiamos o terrorismo, tanto aqui em Margarita como em Fortaleza.

– O que se está a passar com Chávez é insólito. Que sentem os árabes da Venezuela com tudo isto?

- É um presente de Deus, que nos mandou Chávez para presidir à Venezuela. Ninguém imaginava que Chávez ia ser assim, tão humano, tão democrático e tão justo. Ao mundo fazia falta um homem justo, porque não há justiça no planeta. Dos EUA dizem que é a primeira potência mundial, mas falta­‑lhe justiça. Os árabes, e sobretudo os muçulmanos, sempre foram um ponto de ataque e nós sentíamo­‑nos humilhados, sem ter a defesa apropriada nem os meios para nos defender. Não tínhamos experiência em imprensa, nem rádio... Somos emigrantes por natureza, saídos dos nossos países para melhorar a vida. Os nossos pais saíram de lá para nos dar educação e viver melhor do que eles o fizeram. Quando o meu pai chegou cá, não sabia ler nem escrever. Na Venezuela aprendeu a falar castelhano e pareceu-lhe um milagre de Deus poder ler o jornal. Aprendeu por sua conta tal como muitos outros que chegaram analfabetos e cá aprenderam. Mas não conheceram Chávez...

– Essa sensibilidade de Chávez com o mundo árabe não é usada pelos seus inimigos contra ele?

- Com Chávez ou sem Chávez íamos ser atacados. Aqui, durante 3 anos, saíamos em primeira página com manchetes como “Terroristas árabes na Ilha Margarita”; “Campos de treino terrorista na Ilha Margarita”; “O presidente Bush acusa a comunidade árabe de Ilha Margarita”. Uma vez veio o correspondente do Washington Post, para me entrevistar, e eu disse­‑lhe que primeiro desse uma volta pela ilha, para conhecer as pessoas, a comunidade, e que depois falaríamos. Assim o fez. Deu uma volta pelo centro e arredores de Porlamar e deu­‑se conta de que havia uma grande comunidade árabe. Ele publicou depois: «não é estranho ver uma mulher com véu, por trás da caixa registradora, numa loja da Ilha Margarita»; «não é estranho ver um comerciante árabe vendo a Al Jazeera na sua televisão por cabo»; «Há uma grande comunidade árabe na Ilha Margarita, mas aqui todos vivem em paz». Não há campos de treino, não há nenhum acto terrorista, aqui os árabes praticam diariamente a sua religião sem incomodar ninguém. Saiu a entrevista assim no Washington Post, e no entanto, no dia seguinte, a Globovisión anunciou: "O presidente Bush acusa comunidade árabe da Ilha Margarita segundo o Washington Post...".

– Os ataques mais importantes chegaram da CIA e do governo norte-americano…

- James Hill dizia sempre: “na Ilha Margarita há terroristas árabes”, “os comerciantes árabes financiam terroristas”. E com origem nisso veio a DEA. Aqui há um banco de um libanês, com o qual todos os comerciantes trabalham pois dá­‑nos facilidades. A DEA veio e pesquisou o banco por 3 meses. Pesquisaram todas as contas. Cliente por cliente e nada. Foram-se sem encontrar nada estranho. Mas continuavam a dizer que se terroristas, que se campos de treino em Macanao... Macanao é desértico, não há nada, só muitos coelhos e uns comerciantes libaneses que aos domingos iam caçar. Será que confundiram os coelhos com terroristas? Vieram de Caracas, do governo venezuelano. Fotografaram toda a ilha, mas continuava a campanha. Que se o Centro Islâmico de Porlamar terrorista...que se actividades terroristas… Nós cansámo­‑nos de responder, mas no final decidimos entregar­‑nos nas mãos de Deus.

– Mas, Aji Mohamad, na ilha, o partido no poder não é o MVR de Chávez, mas os adecos [do partido AD], partidários dos norte­‑americanos, não?

- Pessoas daqui diziam de nós que éramos terroristas. Quando saímos numa manifestação, para protestar pela guerra do Iraque, assinalavam­‑nos dizendo “aí vão os terroristas”. E o incrível é que o próprio presidente do partido adeco é de origem libanesa e sempre foi financiado por políticos árabes. Ao voltar­‑nos as costas, fomos apoiados pelo ex governador, que era chavista. Talvez por isso nos diziam terroristas.

– O próprio partido de oposição, usou-os para satisfazer os interesses americanos, assinalando a Margarita como foco terrorista. Que mais podiam vocês fazer?

- Irmão Marwan, durante 3 meses não fizemos nada. Mas a campanha continuava. Até que um dia telefonaram para o Centro Islâmico, da embaixada norte-americana de Caracas. O embaixador queria vir reunir­‑se connosco. Eu fui à reunião com muito medo. Imagina, sem saber o que queria e com uma campanha tão descomunal, em todos os jornais, em todos os meios. Lembro­‑me que era o último dia do Ramadão de 2004. O embaixador Shapiro entrou com o seu adido militar e começámos a explicar-lhe as nossas actividades, a mostrar­‑lhe a biblioteca, onde rezamos, a escola que estamos a construir, etc.

– Ou seja, tiveram aqui Shapiro… E que queria de vocês?

- Nós falávamos, mas ele não dizia nada. Uma hora mais ou menos... e irmão Marwan... no final da reunião Charles Shapiro só disse isto: “Vim pedir perdão pelos problemas que lhes causámos”. Este é o melhor certificado que nos deram. O sucessor de Shapiro também veio e temos boa relação com a embaixada americana. Inclusive com os vistos, pedem referências e nós sempre colaborámos com eles. O que se passa é que a ilha é muito pequena e quando chega alguém novo toda a gente se inteira. Nós somos os primeiros interessados em limpar as nossas fileiras, em ter a comunidade limpa, sã. Levamos quase um século na Venezuela e nunca tivemos problemas. Não viemos para fazer actos terroristas. Procuramos aqui um futuro melhor. Nas prisões venezuelanas é muito difícil encontrar um delinquente árabe e isso é uma prova muito boa. Nós não temos gente que pensa mal, nem gente fanática. Queremos que a nossa comunidade tenha o comportamento que O Profeta nos ensinou, nem direita nem esquerda, mas a linha média. Assim Deus no-lo mandou e assim o ensinamos às gerações vindouras.

– O colégio árabe que vocês construíram não tem precedentes. Têm ajudas oficiais para terminá-lo?

- O colégio já está quase pronto. O governo prometeu-nos fazer uma via de acesso porque está numa avenida. O terreno comprámo-lo com o esforço da própria comunidade, e recebíamos doações de fora, mas após o 11­‑S os EUA puseram restrições e já não as pudemos receber. Também fomos investigados por isso.

– Tudo pioraria com o 11-S…

-Nós também fomos vítimas. Na sequência do 11-S, o governo americana pressionou as autoridades venezuelanas para investigar todos os árabes que nessa época estavam fora da Venezuela e regressaram após o atentado. Os mais investigados foram os que viajaram para o mundo árabe nessas datas. Eu tinha ido ver os meus pais ao Líbano e regressei a 9 de Setembro. Uma semana após o dia 11 citaram-me na DISIP. Eles tinham uma lista de todos os que foram a algum país árabe. Interrogaram-me, tomaram as minhas impressões digitais, e tudo isso… Fui aos EUA depois e a cada 4 ou 5 passos, revisão, busca, saca os sapatos, tira o cinto, revistar­‑te… foi terrível.... Para nós o 11-S foi também terrível.

– Suponho que apesar da brutal campanha mediática que suportaram e dos insultos e acusações de terrorismo, sabem também que outros povos árabes, como o palestino, o iraquiano ou o libanês, sofreram a “guerra contra o terrorismo” dos americanos e judeus nestes últimos 5 anos…

- Nós estamos sempre pendentes das notícias do Líbano, da Palestina... porque todo o emigrante tem sempre família, seus pais ou amigos. Damo-nos conta da terrível vida que levam. Na Palestina, por exemplo, até os animais têm mais direitos, porque têm permissão para viajar, mas os palestinianos não têm nem direito a passaporte. No ocidente estão sempre a falar de liberdade, democracia, mas, e os palestinos, a que têm direito? Ninguém fala disso. Graças a Deus, Chávez sim. Foi o único que teve a coragem de dizer aquilo a que ninguém se atrevia. Nem sequer os governos árabes se atrevem a dizer o que Chávez disse e isso orgulha­‑nos.

– Alguns analistas árabes comparam a trajectória de Chávez com a de Nasser; que opinião te merece isto?

- Há muita parecença entre os dois, inclusive entre as duas revoluções há semelhança no sentido da campanha anti­‑imperialista e a do socialismo; claro, com certa diferença na aplicação, mas o socialismo venezuelano é muito parecido com o egípcio no que respeita a lei de terras, ao monopólio da riqueza nacional e à força de oposição; além disso, o protagonismo da liderança é concentrado numa só pessoa. Entre Nasser e Chávez, inclusive há similitude na linguagem revolucionária, porque os dois líderes falam o idioma do povo. A nível internacional, os dois saíram­‑se bem. Após a morte de Nasser desapareceu a revolução no Egipto, por isso na Venezuela há que disciplinar a geração de jovens revolucionários para que não aconteça o mesmo. Há que fomentar uma campanha de difusão dos ideais do socialismo, porque ainda haverá gente confundida entre o que é socialismo e o que é comunismo. A tarefa é difícil, mas as metas são alcançáveis.

Entrevista por Marwan paz, redator do http://www.rebelion.org/, ao vice-presidente da Comunidade Árabe, Mohamad Abdul Hadi




Tras el 11-S la CIA y el FBI, utilizaron la amenaza terrorista como instrumento de descredito político en numerosas ocasiones. En Venezuela, la popularidad del Presidente Chávez y su relación cada vez más cordial con países árabes, inspiró a los servicios secretos norteamericanos y a la oposición la idea de vincularlo con Al Qaeda, para mermar su credibilidad internacional. Rápidamente surgieron rumores que apuntaban a Venezuela como país que protegía a terroristas islamistas. Y esos rumores, cada vez más hirientes, se cebaron especialmente en la comunidad árabe de Porlamar, en la Isla Margarita.

James Hill, jefe del Comando Sur norteamericano, afirmó cosas tan graves como que en Isla Margarita existían campos de entrenamiento de Al Qaeda; que la comunidad de comerciantes libaneses de Porlamar financiaba grupos terroristas en Oriente Medio; e incluso que Ben Laden podía encontrarse escondido en Venezuela. Durante meses esta comunidad árabe sufrió el ataque mediático más despiadado de su historia. Diariamente la prensa antichavista nacional, inspirada y alentada por los medios norteamericanos, dedicaron portadas y titulares a la supuesta célula terrorista de Al Qaeda. Sin embargo no sólo jamás se aportó ninguna foto, video o prueba de la existencia de los supuestos terroristas, sino que la mayoría de aquellos rumores eran desmontados rápidamente por la actualidad internacional.

El ejemplo más gráfico de estas torpes manipulaciones lo protagonizó Johan Peña , quien fuera comisario de la DISIP (servicio secreto venezolano) y exiliado, como muchos golpistas del 11 de Abril, en Miami. Peña compareció el 30 de septiembre de 2005 ante las cámaras del Canal 41 América TV en uno de sus programa estrella, A mano limpia , que dirige y presenta el periodista Óscar Haza . Parapetado tras un supuesto dossier secreto de documentos oficiales, el ex espía venezolano mostró una foto de Mustafá Setmarian, acusado por la prensa española de ser el cerebro del 11-M y el principal agente español de Al Qaeda y afirmó, que vivía escondido en Venezuela, protegido por el gobierno de Chávez. Peña aseguraba que Setmarian había estado protegido por Al Qaeda de Isla Margarita, y que en ese momento se encontraba en el estado Bolívar. Pero el embuste le duró poco al tránsfuga de la DISIP, porque sólo un mes después de tan espectaculares declaraciones, que tanto la prensa norteamericana como los medios venezolanos airearon generosamente, el 3 de noviembre, toda la prensa internacional se hacía eco de la noticia de la detención de Mustafá Setmarian Nasar… pero en Pakistán, no en Venezuela. Setmarian no había pisado en su vida ni Margarita, ni Venezuela, ni América Latina.

Interrogado injustamente por el 11-S

Nosotros hemos querido conocer el punto de vista de las víctimas de aquella campaña, y visitamos en la isla al vicepresidente de la Comunidad Árabe de Porlamar, Mohamad Abdul Hadi, quien llegó a ser fichado e interrogado en relación al 11-S. Nacido en El Líbano, se confiesa abiertamente nasserista y chavista. Manuel, como le conocen sus amigos, regenta uno de los comercios de la zona árabe de Porlamar y ha sido victima de la brutal campaña mediática del Comando Sur del ejército norteamericano, la CIA y el FBI.

Aji Mohamad, ¿Cuál es la historia de la comunidad árabe de Margarita?

-La emigración general a Venezuela comenzó a finales del siglo XIX. Incluso muchos libaneses llegaron con pasaporte turco, porque aún no existía la identidad libanesa. Los primeros llegaron en los años 70, cuando decretaron la isla como zona libre de impuestos. Muchos inmigrantes que estaban en Caracas, Colombia o Panamá vinieron y empezaron a trabajar. El trabajo acá es más fácil que en tierra firme. Tienes que hacer una tienda más o menos visible, bien decorada, ir a Panamá, a Hong Kong o EUA., comprar tu mercancía, la exhibes y trabajo hecho. Los árabes somos por naturaleza comerciantes, aventureros y aquí o en las zonas libres de Brasil, Paraguay o Uruguay, hay muchos. Pero EUA nos llama “eje del mal”. Dice que financiamos el terrorismo, tanto aquí en Margarita como en Fortaleza.

Lo que esta pasando con Chávez es insólito. ¿Qué sienten los árabes de Venezuela con todo esto?

-Es un regalo de Dios, que nos mandó a Chávez presidir Venezuela. Nadie se imaginaba que Chávez iba a ser así, tan humano, tan democrático y tan justo. Al mundo le hacía falta un hombre justo, porque no hay justicia en el planeta. De EUA dicen que es la primera potencia mundial, pero le falta justicia. Siempre hemos sido los árabes y sobretodo los musulmanes, un punto de ataque y nosotros nos sentíamos humillados, sin tener la defensa apropiada ni los medios para defendernos. No teníamos experiencia en prensa, ni radio... Somos inmigrantes por naturaleza, salidos de nuestros países para mejorar la vida. Nuestros padres salieron de allá para darnos educación y vivir mejor de lo que ellos lo hicieron. Cuando mi papá llego acá no sabía leer ni escribir. En Venezuela aprendió a hablar castellano y le pareció un milagro de Dios poder leer el periódico. Aprendió por su cuenta al igual que muchos otros que llegaron analfabetos y acá aprendieron. Pero no conocieron a Chávez...

Esa sensibilidad de Chávez con el mundo árabe ¿No es usada por sus enemigos contra él?

-Con Chávez o sin Chávez íbamos a ser atacados. Aquí, durante 3 años, salíamos en primera página con titulares como “Terroristas árabes en Isla Margarita”; “Campos de entrenamiento terrorista en Isla Margarita”; “El presidente Bush demanda a comunidad árabe de Isla Margarita”. Una vez vino el corresponsal del Washington Post, para entrevistarme y yo le dije que primero diese una vuelta por la isla, para conocer la gente, la comunidad, y que luego hablaríamos. Así lo hizo. Dio una vuelta por el centro y alrededores de Porlamar y se dio cuenta de que había una gran comunidad árabe. Él publicó después “no es extraño ver una mujer con velo, detrás de la caja registradora, en una tienda de Isla Margarita”; “no es extraño ver a un comerciante árabe viendo Al Jazeera en su televisión por cable.”; “Hay una gran comunidad árabe en Isla Margarita, pero aquí todo el mundo vive en paz”. No hay campos de entrenamiento, no hay ningún acto terrorista, aquí los árabes practican a diario su religión sin molestar a nadie. Salió la entrevista así en el Washington Post, y sin embargo al día siguiente Globovisión anuncia “El presidente Bush demanda a la comunidad arabe de Isla Margarita según el Washington Post...”.

Los ataques más importantes llegaron de la CIA y del gobierno norteamericano…

-James Hill, siempre decía “en Isla Margarita hay terroristas árabes”, “los comerciantes árabes financian a terroristas”. Y a raíz de eso vino la DEA. Aquí hay un banco de un libanés, con el que trabajamos todos los comerciantes pues nos da facilidades. La DEA vino e investigó al banco por 3 meses. Investigaron todas las cuentas. Cliente por cliente y nada. Se fueron sin encontrar nada raro. Pero seguían diciendo que si terroristas, que si campos de entrenamiento en Macanao... Macanao, es desértico, no hay nada, sólo muchos conejos y unos comerciantes libaneses que los domingos iban a cazar, ¿Será que confundieron los conejos con terroristas? Vinieron de Caracas, del gobierno venezolano. Fotografiaron toda la isla, pero seguía la campaña. Que si el Centro Islámico de Porlamar terrorista...que si actividades terroristas… Nosotros nos cansamos de responder, pero al final decidimos entregarnos en manos de Dios.

Pero, Aji Mohamad, en la isla, el partido en el poder no es el MVR de Chavez sino los adecos, partidarios de los norteamericanos ¿no?

-Gente de aquí decía de nosotros que éramos terroristas. Cuando salimos en una manifestación, para protestar por la guerra de Iraq, nos señalaban diciendo 'ahí van los terroristas'. Y lo increíble es que el mismo presidente del partido adeco es de origen libanés y siempre ha estado financiado por políticos árabes. Al darnos la espalda, fuimos apoyados por el ex gobernador, que era chavista. Quizás por eso nos decían terroristas.

El propio partido de oposición, los usó para satisfacer los intereses americanos, señalando a Margarita como foco terrorista ¿Qué más podían hacer ustedes?

-Hermano Marwan, Durante 3 meses no hicimos nada. Pero la campaña seguía. Hasta que un día llaman al Centro Islámico desde la embajada norteamericana de Caracas. El embajador quería venir a reunirse con nosotros. Yo fui a la reunión con mucho miedo. Imagínate, sin saber lo que quería y con una campaña así descomunal, en todos los periódicos, en todos los medios. Recuerdo, que era el último día en Ramadán de 2004. Entra el embajador Shapiro con su agregado militar y empezamos a explicarle nuestras actividades, a enseñarle la biblioteca, dónde rezamos, la escuela que estamos construyendo, etc.

O sea que tuvieron aquí a Shapiro… ¿Y que quería de ustedes?

-Nosotros hablábamos pero él no decía nada. Una hora más o menos... y hermano Marwan... al final de la reunión Charles Shapiro sólo dijo esto “Vine a pedir perdón por los problemas que les hemos causado". Este es el mejor certificado que nos han dado. El sucesor de Shapiro también vino y tenemos buena relación con la embajada americana. Inclusive con las visas, piden referencias y nosotros siempre colaboramos con ellos. Lo que pasa es que la isla es muy pequeña y al llegar alguien nuevo todo el mundo se entera. Nosotros somos los primeros interesados en limpiar nuestras filas, en tener la comunidad limpia, sana. Llevamos casi un siglo en Venezuela y nunca tuvimos problemas. No vinimos para hacer actos terroristas. Buscamos aquí un futuro mejor. En las cárceles venezolanas es muy difícil encontrar un delincuente árabe y eso es una prueba muy buena. Nosotros no tenemos gente que piensa mal, ni gente fanática. Queremos que nuestra comunidad tenga el comportamiento que El Profeta nos enseño, ni derecha ni izquierda, sino la línea media. Así Dios nos lo mandó y así lo enseñamos a las generaciones que vienen.

El colegio árabe que ustedes construyeron no tiene precedentes.¿Tienen ayudas oficiales para terminarlo?

-El colegio ya casi esta listo. La gobernación nos prometió hacer una vía de acceso porque está en una avenida. El terreno lo hemos comprado con el esfuerzo de la propia comunidad, y recibíamos donaciones de fuera, pero después del 11-S EUA puso restricciones y ya no las pudimos recibir. También fuimos investigados por eso.

..Todo empeoraría con el 11-S …

-Nosotros también hemos sido victimas. A raíz del 11-S el gobierno americano presionó a las autoridades venezolanas para investigar a todos los árabes que en esa época estaban fuera de Venezuela y regresaron después del atentado. Los más investigados fueron los que viajaron al mundo árabe en esas fechas. Yo había ido a ver a mis padres al Líbano y regresé el 9 de septiembre. Una semana después del 11 me citaron en la DISIP. Ellos tenían una lista de todos los que fueron a algún país árabe. Me interrogaron, tomaron mis huellas digitales, y todo eso… Yo fui a EUA después y cada 4 o 5 pasos, revisión, cacheo, saca los zapatos, saca el cinturón, registrarte… ha sido terrible.... Para nosotros el 11-S ha sido también terrible.

Supongo que pese a la brutal campaña mediática que soportaron y a los insultos y acusaciones de terrorismo, saben también que otros pueblos árabes, como el palestino, el iraquí o el libanés, han sufrido la “guerra contra el terrorismo” de los americanos y judíos estos últimos 5 años…

-Nosotros siempre estamos pendientes de las noticias de Líbano, de Palestina... porque todo inmigrante siempre tiene familia, sus papas o amigos. Nos damos cuenta de la terrible vida que llevan. En Palestina, por ejemplo hasta los animales tienen más derechos, porque tienen permiso para viajar pero los palestinos no tienen ni derecho a pasaporte. Siempre hablan en occidente de libertad, democracia, pero ¿y los palestinos a qué tienen derecho?. Nadie habla de eso. Gracias a Dios Chávez sí. Ha sido el único que ha tenido el valor a decir lo que nadie se atrevía. Ni siguiera los gobiernos árabes se atreven a decir lo que ha dicho Chávez y eso nos enorgullece.

¿Algunos analistas árabes comparan la trayectoria de Chávez con la de Nasser, que opinión te merece esto?

-Hay mucho parecido entre los dos, inclusive entre las dos revoluciones hay semejanza en el sentido de la campaña antiimperialista y la del socialismo; claro con cierta diferencia en la aplicación, pero el socialismo venezolano es muy parecido al egipcio en lo que respecta a ley de tierras, el monopolio de la riqueza nacional y la fuerza de oposición, además el personaje del liderazgo es concentrada en una sola persona. Entre Nasser y Chávez, inclusive hay similitud en el lenguaje revolucionario, porque los dos líderes hablan el idioma del pueblo. A nivel internacional los dos lo han hecho bien. Después de la muerte de Nasser desapareció la revolución en Egipto, por eso en Venezuela hay que disciplinar a la generación de jóvenes revolucionarios para que no pase lo mismo. Hay que fomentar una campaña de difusión de los ideales del socialismo, porque todavía habrá gente confundida entre lo que es socialismo y lo que es comunismo. La tarea es difícil, pero las metas son alcanzables.

Entrevista por Marwan Paz, redactor del http://www.rebelion.org/, a Mohamad Abdul Hadi, vicepresidente de la Comunidad Árabe.

Nenhum comentário: