domingo, 2 de dezembro de 2007

Hoje plebiscito decide pela reforma da constituição venezuelana

É chegado o dia do povo venezuelano decidir pela aprovação ou não das alterações na constituição bolivariana. O ítem mais relevante da alteração trata da reeleição indefinida para presidente.

Vamos analisar a sequência de eventos que convergiram no atual quadro político venezuelano.

15 de agosto de 2004, acontecia o plebicito que decidiria pelo SIM(retirada de Chavez da presidencia) ou pelo NÃO(permanência de Chavez). Este pleito foi conseguido pela oposição, Chavez acatou prontamente que o povo pudesse decidir. Na minha opinião a atribuição do SIM para a retirada e do NÃO para a permanencia, já configura em si, manipulação.

A votação encerraria as 17:00. A constituição de lá, como a daqui e da maioria dos países democráticos, proibe a veiculação na mídia de pesquisas boca de urna no dia das eleições, em alguns países alguns dias antes. O motivo é perfeitamente compreendido até para o mais leigo em política. As pesquisas de última hora passam a impressão de resultado parcial, de que a coisa já está tomando forma e mostra que forma esta tomando. E isso tende a influenciar no voto dos que ainda não votaram. Entretanto, trinta minutos antes do horário previsto para o fim da eleição, foi divulgada em Nova Iorque, pela empresa Penn, Schoen & Berland Associates, uma pesquisa de boca de urna. Dando Chavez como derrotado por 59% dos votos. Como a lei que proibe a divulgação de resultados de pesquisas boca de urna é da venezuela e a divulgação foi feita a partir de Nova Iorque, nenhuma medida judicial pôde ser tomada.

Mas... meia hora depois encerraram-se as eleições. Vale aqui abrir um imenso parenteses. O sistema eleitoral venezuelano dá um banho no brasileiro e um maior ainda no norte-americano. Lá as urnas são eletrônicas e pra resolver o problema com fraudes as quais um dispositivo eletrônico está submetido, posto que não é possível vigiar os bits, todas as urnas imprimem um comprovante, que é verificado pelo eleitor e depositado em uma urna, para recontagem. A permanencia de Chavez ganhou com 58,25%. Quer dizer que em meia hora de votação Chavez passou de 41% para tudo isso? - estranho!

Se a divulgação de pesquisas com resultados suspeitos não consegue influenciar suficientemente os votos, como foi o caso, ainda tem um plano B intrinseco a estratégia. Porque criam no país e no mundo uma atmosfera de desconfiança e de suspeita de fraude. Dando motivos artificiais para intervenções até mesmo militares naquele país, manifestações, fomentando golpes em potencial. 20% pra menos, senhores, em uma pesquisa que dizia ter erro de +/- 1%, é uma discrepância no mínimo suspeita.

Dia desses conheci o site do Luiz Carlos Azenha, que tem um título muito similar ao meu: O que você nunca pôde ver na TV, mais reticente que o meu título, por motivos óbvios, ele é um conceituado reporter de TV e faz disso seu sustento. Atenção aqui para o circunfléxo no pôde, evidenciando que você não pode, não porque não dá tempo, mas porque existe um filtro imposto pelos tentáculos neoliberais estendidos sobre todos os meios de comunicação.

Lendo o que ele escreveu na última quarta, dia 28 de novembro, você poderá verificar outras ocasiões em que pesquisas foram grossamente manipuladas em favor de uma 'força terrível' da mesma natureza daquela força que obrigou o Jânio a renunciar quando condecorou Che com a Grã-Cruz da ordem Cruzeiro do Sul.

Agora nas vésperas das eleições Chavez afirmou que se a imprensa yankee tornar a divulgar prematuramente resultados de pesquisas boca de urna: A resposta será o corte no fornecimento de petroleo para lá.

E que se a Globovisión veicular, sob as mesmas circunstâncias, estas informações dentro da Venezuela, cortará imediatamente o seu sinal. Com razão, na minha opinião, lei é lei. Se o criminoso está em outro país, não pode estar livre pra interferir como bem entender na política internacional dos outros. Cabe a venezuela decidir que tipo de sansões fará, assim como os yankes, embargam Cuba a decadas a seu bel prazer. Cada país deve ter soberania para decidir sua própria política e o destino que dará para seus recursos naturais.

Será que se isso acontecer vão tornar novamente a ignorar as causas que levam Chavez a dizer o que diz e fazer o que faz? Pintando na grande mídia um retrato de um desajustado, que "ameaça" os Estados Unidos porque é complexado e a Colombia porque tem sede de sangue?

Ele disse, dia desses, que se a população assim quiser e se ele tiver saúde, continua no governo até 2050. Porquê dizem que isso é ditadura? Onde, nas teses de aristóteles, citam 4,5 ou 8 anos de mandato? Vejam bem leitores, se em 2013 as coisas não estiverem indo bem a população vota em outro candidato e o Hugo Chavez sai, simples! É democracia sim!

Tentando entender Chavez remotei ao tempo em que Simón Bolivar controlava o Peru e o tinha livrado do domínio espanhol. Naquele momento a situação do Peru ainda estava muito instavel, e o próprio Bolivar, se revelou preocupado com o futuro daquele povo. "Quando eu sair o Peru se perde novamente." Creio que Chavez agora deva estar pensando igual. Ele mesmo disse que preferia se aposentar mas não o fará porquê ainda vai demorar para o socialismo que ele propõe se consolidar. E se o povo quer que esse novo modelo de socialismo se consolide e ele(o povo) não encontrar outro candidato que a seus olhos possa dar continuidade ao desenvolvimento deste modelo: Os venezuelanos deveriam ser obrigados a engolir o candidato menos pior porque não têm o direito de votar novamente em Chavez?

Se a oposição quer governar que gaste seu tempo se aproximando do povo, que apresente propostas melhores, que governe as cidades e estados à seu modo, que ganhe eleitores e derrote Chavez. Mas não, preferem fazer do Chavez um adolf hitler e dos Chavistas o eixo-do-mal.

Só sei de uma coisa: a população venezuelana adquiriu consciência de classes e Chavez fará, resguardado pelos cidadãos, o que quiser. Eles decidem, ninguém tem que dar pitaco em nada. E plebiscito é exemplo de democracia. Quem defende democracia à moda yanke, defende também a medida provisória, que é, de uma forma elegante, um jeito de governar sem apoio popular, um mecanismo autoritário de fazer ditadura.

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